quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

TRÊS CONSELHOS ÚTEIS

1) Faça, sempre. Porque se não fizer, se arrependerá. E caso se arrependa, ao menos terá aprendido algo. 2) Não deseje nada para si mesmo que não seja também para os outros. 3) Não seja o que os outros querem que seja. Seja o que você é.

- Alejandro Jodorowsky



segunda-feira, 16 de novembro de 2009

NECESSIDADES

Certa manhã, chegou às portas de uma cidade um mercador árabe, onde encontrou um pedinte morto de fome. Sentiu pena do homem e o ajudou lhe dando duas moedas de cobre. Algumas horas mais tarde, os dois homens voltaram a se encontrar nas cercanias do mercado.

-"O que fez com as duas moedas que lhe dei?", perguntou o mercador.

-"Com uma delas comprei um pão, para ter DO QUE VIVER. Com a outra comprei uma rosa, para ter PORQUÊ VIVER.", respondeu o outro.


Imagem: Getty Images

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

LIMITES MENTAIS

Que coisas o intelecto pode fazer, e que coisas não pode:

O intelecto pode perguntar, mas não pode responder.
O intelecto pode crer, mas não pode criar.
O intelecto pode imaginar, mas não pode conhecer.


Imagem: Getty Images

OS NOVOS MANDAMENTOS

- Não matar a morte.
- Não cobiçar a mulher do viúvo e ser fiel ao seu fantasma.
- Não roubar aquilo que lhe pertence.
- Não falar com a boca do seu próximo.
- Não há como citar Deus em vão, pois todos os nomes são Ele.
- Santificar seus dias de trabalho.
- Transformar seus pais em sapatos.
- Fazer da Terra um altar.
- Abençoar-se a si mesmo.

Fonte: Quando Teresa Brigou com Deus / Jodorowsky

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

SOBRE A CRIATIVIDADE

Uma menina de 6 anos estava numa aula de desenho. Sentada no fundo da classe, desenhava sem prestar atenção à professora. Esta se aproximou da menina e lhe perguntou

O que está desenhando?

A menina respondeu que estava fazendo um desenho de Deus, e a professora lhe disse

Mas ninguém sabe exatamente como é Deus!

A menina lhe contestou

Vão saber num minuto!

SOBRE MULHERES E DEUSAS

J. Barrer Woolger e R.J. Woolger, baseados na teoria de C.G. Jung sobre os arquétipos como transformadores vivos de nossa consciência e de nossa existência, propõem uma tipologia da personalidade das mulheres, relacionada com seis deusas gregas. Defendem que existe uma dinâmica fundamental por trás da conduta de cada mulher, que a faz especial.

Jung foi o primeiro a destacar que este tipo de dinâmica pode ser observado de forma pura na Mitologia e na Literatura, aparecendo também nos sonhos e fantasias da vida cotidiana. Uma deusa é a forma que um arquétipo feminino assume no contexto de um relato épico ou mitológico.

Dentro desta concepção, as seis deusas gregas que influem mais ativamente nas mulheres de nossa sociedade contemporânea, e as características associadas à elas, são:

A MULHER ATENA: dirigida pela deusa da sabedoria e da civilização. Se mostra interessada pelo êxito, pela profissão, pela educação, pela cultura, pela justiça social e pela política.

A MULHER AFRODITE: governada pela deusa do amor, preocupa-se principalmente com os relacionamentos, a sexualidade, as intrigas, os romances, a beleza e a inspiração artística.

A MULHER PERSÉFONE: encontra-se sob o influxo da deusa do mundo subterrâneo. Se sente inclinada à mediunidade e ao mundo espiritual, às experiências ocultas, visionárias e místicas, assim como à todos os temas relacionados com a morte.

A MULHER ARTEMIS: governada pela deusa dos bosques. É prática, atlética e aventureira. Lhe agradam as atividades físicas, a vida ao ar livre e os animais. Se preocupa com a preservação do meio ambiente, com as formas de vida alternativas e as comunidades femininas.

A MULHER DEMETER: encontra-se sob influência da deusa das colheitas. É uma mãe terrena que ama, cria, alimenta e ajuda no crescimento de todos os seus filhos. Lhe interessam os assuntos relacionados com a maternidade e com os ciclos reprodutivos da mulher.

A MULHER HERA: está sob o domínio da rainha dos céus. Interessada pelo matrimônio, os casais e as questões relativas ao poder nas quais as dirigentes e líderes são mulheres.

Pode ser que por trás da psicologia de cada mulher possa haver não apenas uma deusa, mas a combinação de várias delas. Ou talvez exista uma deusa principal regendo a personalidade da mulher, e em diferentes momentos críticos de sua vida se veja influenciada por alguma outra deusa temporariamente, como se fossem aliadas que ajudam numa missão.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

APRESENTANDO: PSICOGENEALOGIA

Alejandro Jodorowsky, além de cineasta, escritor, dramaturgo e tarólogo, é conhecido mundialmente por suas técnicas terapêuticas, como a Psicogenealogia, terapia baseada nas heranças psicológicas familiares.

De acordo com Jodorowsky, a Psicogenealogia parte da premissa de que determinados traumas e comportamentos inconscientes se transmitem de geração em geração, e para que um indivíduo tome consciência destes padrões inconscientes, e possa desligar-se deles, é necessário que estude sua árvore genealógica. Assim sendo, a Psicogenealogia constitui-se como um estudo da árvore genealógica como via de conhecimento, e com uma finalidade eminentemente sanadora.

A teoria psicogenealógica foi sendo desenvolvida por Jodorowsky a partir de seu trabalho literário, em livros como Quando Teresa Brigou com Deus e A Dança da Realidade, bem como em suas conferências e cursos, e atualmente segue em pleno desenvolvimento, através do trabalho do próprio Jodorowsky e de seus colaboradores, profissionais de vários campos de conhecimento.

...

"Nossa árvore genealógica por um lado é a armadilha que limita nossos pensamentos, emoções, desejos e a nossa vida material... e, por outro lado, é o tesouro que guarda a maior parte dos nossos valores."

- Alejandro Jodorowsky

Fonte: Plano Creativo / Quando Teresa Brigou com Deus
Imagem: Getty Images

SOBRE AS COISAS SEM AMOR

A inteligência, sem amor, te faz perverso.
A justiça, sem amor, te faz implacável.
A diplomacia, sem amor, te faz hipócrita.
O êxito, sem amor, te faz arrogante.
A riqueza, sem amor, te faz avaro.
A docilidade, sem amor, te faz servil.
A pobreza, sem amor, te faz orgulhoso.
A beleza, sem amor, te faz ridículo.
A verdade, sem amor, te faz ferino.
A autoridade, sem amor, te faz tirano.
O trabalho, sem amor, te faz escravo.
A lei, sem amor, te escraviza.
A política, sem amor, te faz ególatra.
A fé, sem amor, te faz fanático.
A vida, sem amor, não tem sentido.

Fonte: Plano Creativo
Imagem: Getty Images

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

EU TAROT: Arcano XIII, O Arcano Sem Nome

Ano que vem estarei curtindo meu ano do Arcano XIII, aquele tão mal interpretado, e que insistem em chamar de "Morte". Em sua homenagem, este EU TAROT é dedicado a ele.

Dá-me o que é meu: tua pele, teus músculos, tuas vísceras, teu sangue. Sobretudo tua cara, essa máscara que cobriu tuas mudanças incessantes, quando ao ser criança a inocência adocicava a crueldade de teus sentidos, quando ao ser jovem a loucura vibrava em cada uma de tuas células, quando ao ser homem foi capaz de talhar a primeira pedra do último templo, ou um ancião vendo seus desejos esfumaçarem-se como torrentes de nuvens. Dá-me tuas dores e prazeres, tuas ânsias, teus temores, teus ideais, o insensato carnaval da memória.

Tua mãe, branca como este leite que reclamavas na medula do sonho, o falo de teu pai quebrando a cada noite os cristais do milagre, a voz acre de tua irmã pedindo ser a dona absoluta de tuas sombras, as amantes vestidas de Lua criando pombas que se transformavam em corvos, os amigos que entre vinhos e necessidades te devoravam a alma, os livros, os quadros, os discos, os filmes, os heróis, os filhos, a humanidade inteira com seus obscuros jogos. Todos vieram se despedir.

Agora estás só. Esta terra que te cobre com amor é tua legítima carne. Desça até o centro, atravessa o umbral tenebroso até uma unidade mais ampla, avança por uma vagina dourada, deixe-se levar por um rio invisível. Nunca mais escravo da gravidade, descubra uma palavra muda liberada do calor da língua. Vai de virtude em virtude, de felicidade em felicidade, de triunfo em triunfo, se dissolvendo no bramido criador...

O Verbo te converte em aurora, Sol imóvel ao redor do qual eu giro com minha foice transformada em harpa. Esplendor de minha sombra, abra os olhos: começou sua subida pela escadaria santa. Entrarás na fogueira onde ardem para sempre os profetas, renascerás levando no ventre o feto do primeiro ancestral, surgirás como um gêiser, desenhando caminhos com tua vara verde, serás uma esfera que se expande até alcançar o mistério, ponto onde se cruzam todos os eixos. Nunca mais te equivocarás de caminho.

Fonte: Yo, El Tarot / Jodorowsky

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY - Parte 5: SER JOÃO

É curioso, mas a história de Cristo não começa com ele. Começa com a história de João, o homem que vai preparar o caminho, que vai anunciar a chegada de Cristo. É necessário compreender, portanto, que para chegar a Cristo deve-se passar por João. Sem ele, não haveria Cristo como o conhecemos.

O mesmo se dá em nosso mundo interior: se dentro de nós não existe algo que nos anuncie a chegada e o florescimento de nosso Deus interior, se não há um trabalho consciente, um trabalho de preparação, jamais realizaremos seu nascimento. Assim como João, é preciso que nos exilemos no deserto para começar a preparar o caminho.

Para dedicar-se a este trabalho é preciso um grande sacrifício. De fato: ainda menino, João abandona seus pais e se exila no deserto. Se prepara. Se põe à prova.

Se não acreditamos que o trabalho é realizável, se não nos aplicamos à tarefa, se não nos consagramos a criar o caminho para que nosso Deus interior apareça, então nada será feito.

Terapeutas, grupos de meditação, artistas sacros, todos aqueles que se dedicam a elevar seu nível de consciência... todos são João. Ser um João significa ser alguém que vai preparar o caminho para que algo maior apareça.

imagem: Bosch

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

SOBRE O(S) MEDO(S)

De acordo com uma antiga fábula, havia um rato que estava sempre angustiado, porque tinha medo do gato. Um mago que dele se compadeceu, na tentativa de ajudá-lo, o transformou em... um gato! Mas logo o rato, agora transformado em gato, começou a sentir medo do cachorro. Então o mago o converteu em cachorro. Assim que se viu transformado em cachorro, começou a ter medo da pantera. O mago o transformou numa pantera, e a partir daí ele começou a ter medo do caçador.

O mago então se deu por vencido, e fez com que ele voltasse à sua forma original de rato, dizendo-lhe: "Nada do que eu faça por você vai servir de ajuda, pois sempre terá o coração de um rato."

O mago havia compreendido que não há nada que se possa fazer para ajudar a quem tem, arraigado em seu coração, o hábito do medo, e nada faz para mudá-lo.


Alejandro Jodorowsky, uma das cabeças que mais têm lidado (e sanado, ou ao menos tentado) com os medos contemporâneos, sugere algumas coisas que temos de levar em conta quando o medo aparece em nossas vidas. Segundo ele, quando sinto medo de

MUDAR: para avançar no caminho da Consciência, devo aceitar a morte das concepções que tenho sobre mim mesmo.

DESEJAR: a energia sexual é sagrada. Deixo de negar-me a mim mesmo e de ocultar-me.

ADOECER: as enfermidades corporais são mestres que podem indicar o caminho para curar as enfermidades da minha alma.

ENVELHECER: o tempo é meu aliado, pois me traz sabedoria.

FRACASSAR: tudo fracassa, porque nada é eterno. Meu único triunfo verdadeiro é a realização da minha Consciência.

NÃO SER MAIS SEDUTOR(A): se me liberto de meus desejos, a sedução me parecerá inútil.

SER HUMILHADO(A): se venço meu orgulho, ninguém pode me humilhar.

DA NOITE: a noite sempre está unida ao dia.


POBREZA: a criatividade do Ser essencial é minha riqueza.

SOLIDÃO: se me abro ao mundo, todos me acompanham.

MORRER: a morte é uma ilusão do ego individual. O universo do qual eu sou parte é eterno e infinito. De uma forma ou de outra, existirei sempre.

VIOLÊNCIA: dominarei minha própria agressividade. Deixarei de projetar minha cólera no mundo.

NÃO PODER ME COMUNICAR: meu Deus interior conhece todas as linguagens.

DA VERDADE: o que a Verdade pode destruir em mim é o lixo, é o que não sou, são os limites implantados em mim pela armadilha do passado. Me entregarei a meu Ser essencial.

NÃO PROGREDIR: se me identifico com o Universo, me uno à sua incessante expansão.

NÃO SER DESEJADO (A): o Universo me deu a força de ter nascido. A Consciência divina me deseja.

SER IRRACIONAL: o Universo não obedece a leis lógicas. A "lógica" do cérebro humano é "loucura" para o Universo.

PERDER MINHA IDENTIDADE: os limites de meu ego são úteis até certo ponto. Não devo aferrar-me a eles crendo que são minha identidade. Meu Ser, obedecendo aos planos do futuro, lutará por expandir-se, até chegar a ser o que é: Consciência cósmica.

PERDER MINHAS CAPACIDADES: meu Deus interior não conhece a extinção.

PERDER UM COMBATE: perder um combate não é perder a mim mesmo.

DE QUE TENTEM ME CALAR: se tenho algo a dizer, o direi no mundo; se não posso dizer no mundo, direi em meu país; se não posso dizer em meu país, direi em minha cidade, direi em minha casa; se não puder dizer em minha casa, direi em mim mesmo: os seres humanos formam uma unidade. O que digo a mim mesmo ressoará no inconsciente coletivo.

SER ROUBADO: o que podem me roubar nunca foi meu. Meu Ser essencial é permanente.

ME DECEPCIONAR NO AMOR: a única certeza emocional é amar, sem esperar ser amado.

ESTERILIDADE: a todo momento o infinito me insemina. A alma é minha filha suprema.

Fonte: Plano Creativo

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

NO SENTIMENTO


Poema canalizado por Eva Pierrakos:


No sentimento de fraqueza
está a sua força.

No sentimento de dor
está o seu prazer e a sua alegria.

No sentimento de medo
está a sua segurança.

No sentimento de solidão
está a sua capacidade de ter satisfação,
amor e companhia.

No sentimento de ódio
está a sua capacidade de amar.

No sentimento de desespero
está a sua esperança verdadeira e justificada.

Na aceitação das privações da sua infância
está a sua realização atual.

Fonte: Luz Emergente / Barbara Brennan

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

MANDALAS IV

Apesar de tudo, as mandalas nunca morreram inteiramente. Sobreviveram nas sombras, nos destroços, nas fantasias, eclodindo na loucura, nas viagens de drogas, esgueirando-se em seu oposto, o mundo da técnica, cujo símbolo emblemático é justamente a roda - parte essencial de qualquer engrenagem. Não por acaso, em nossa cultura muitas pessoas sentem-se como uma minúscula roda, dentro de uma imensa engrenagem anônima.

Fonte: Mandalas / Rüdiger Dahlke (Pensamento)
Ilustração: Cosmic Tribe Tarot

MANDALAS III

Tudo que sobe tem que descer, e tudo que desce volta a subir. Trata-se de uma lei muito antiga, ou melhor, atemporal, válida tanto para culturas, épocas, estilos de arte, como para os povos e indivíduos. Válida até para a conjuntura econômica, gostos e modismos. A mandala exprime assim o curso geral da história como o próprio destino dela através do tempo.

Depois do apogeu das catedrais e suas rosáceas, teve início a destruição da mandala. Os espanhóis destroçaram as culturas da América Central ao saírem em busca do ouro dos Maias e Incas (note-se que o ouro, o mais nobre dos metais, é o símbolo do Sol, gigantesca mandala de fogo).

Outros povos europeus, também movidos pela idéia da conquista predatória, se encarregaram de destruir culturas inteiras que viviam sob a égide da mandala. Em outros termos, o hemisfério esquerdo do cérebro declarou guerra ao direito. Também as culturas indígenas da América do Norte, com suas mandalas de areia, foram vencidas pelos homens brancos.

Em outros continentes, outras culturas sagradas também não tiveram chance contra o novo modo de pensar e de agir. Dessa forma, a mandala sucumbiu também na Índia.

Fonte: Mandalas / Rüdiger Dahlke (Pensamento)
Ilustração: Buddha Tarot

terça-feira, 4 de agosto de 2009

SOBRE O SUFISMO II

Um antigo dicionário Persa traz no verbete "Sufi", dando a definição como numa rima: SUFI CHISTA - SUFI, SUFISTA. QUEM É UM SUFI? UM SUFI É UM SUFI.

É uma linda definição, para um fenômeno indefinível. "Um Sufi é um Sufi". Isso não diz nada, mas diz tão bem. Diz que o Sufi não pode ser definido; não há outra palavra para difiní-lo, nenhum sinônimo para este fenômeno, nenhuma possibilidade de definí-lo linguisticamente.

Você pode vivenciá-lo, e assim pode conhecê-lo. Mas com a mente, com o intelecto, é impossível. Você pode tornar-se um Sufi - é o único caminho para saber o que isso é. Ao invés de ir ao dicionário, você pode ir na existência.

Fonte: Sufis - the people of the path, vol.1 / Osho
Ilustração: The Sufi / autor desconhecido

SOBRE O SUFISMO I

Um Sufi não precisa estar ligado ao mundo islâmico. Ele pode existir em qualquer lugar, sob qualquer forma, pois o Sufismo está na essência de todas as religiões. Não tem nada a ver com o Islam em particular. Os Sufismo pode existir sem o Islam, embora o contrário não seja verdadeiro.

Quando uma religião está viva, é por causa do Sufismo. Sufismo significa simplesmente um caso de amor com Deus, com o Todo, com o Universo. Significa que o indivíduo está pronto para dissolver-se no Todo, que está pronto para convidar o Todo para dentro de seu coração.

O Sufismo não conhece formalidades, nem está confinado por dogmas, doutrinas ou credos. Cristo é um Sufi, assim como Maomé, Krishna e Buddha. Existem apenas nomes diferentes para a mesma relação íntima com Deus.

A relação é sempre perigosa. É perigosa porque quanto mais você se aproxima da Totalidade, mais você se dissolve nela. E quando você chegar mais perto ainda, você já não é mais. É perigosa porque é suicida... mas é um suicídio bonito. Até que você morra voluntariamente no amor, você vive uma existência medíocre: nenhuma poesia surge em seu coração, nenhuma dança, nenhuma celebração. Você vive no mínimo, não se deixa afogar no êxtase.

O êxtase acontece quando você não é mais. Você é a barreira. Sufismo é a arte de remover a barreira entre você e você mesmo, entre o si mesmo e o self, entre a parte e o todo.

Fonte: Sufis - the people of the path, vol.1 / Osho
Ilustração: Sufi Dancing / Peter Sickles

MANDALAS II

A cultura ocidental industrializada perdeu o acesso às suas raízes, e desse modo, às suas mandals. Até mesmo as catedrais góticas, que uniam luz, cor e forma numa unidade, com suas belas rosáceas, se degradaram, transformando-se em museus que não dialogam com a atualidade.

A mandala foi desaparecendo aos poucos neste lado do mundo, primeiro da arte, depois da consciência. O pensamento unitário e sagrado foi substituído pela compreensão racional e fragmentadora do mundo. Começa então, para o Ocidente, o declínio da mandala no mundo interior.

Mas o próprio curso da história contém em si algo de uma mandala, e o interesse pelas formas circulares e sua unidade está novamente em pauta. Não por acaso, falamos da "roda do tempo" para caracterizar o tempo cíclico histórico. Ciclos que não são ruins nem devem ser combatidos, mas simplesmente encarados como a expressão do giro da mandala.

fonte: Mandalas / Rüdiger Dahlke (Ed. Pensamento)
ilustração: carta do Saints Tarot

MANDALAS I

A palavra "mandala" vem do sânscrito, e signfica literalmente "círculo". Para a maioria das pessoas, a mandala tem algo do Oriente, mas as mandalas encontram-se igualmente na raiz de todas as culturas, estando presentes em todo ser humano.

C.G. Jung estudou as mandalas, descobrindo que elas surgem como imagens interiores espontâneas, especialmente em situações de profunda crise interior. O enorme interesse pelas mandalas observado recentemente em nossa cultura, e seu uso cada vez mais frequente nos domínios da arte e da meditação são particularmente significativos.

Estamos num ponto de transição, num ponto de redescoberta de nossas raízes, de nossa mandala interior.

fonte: Mandalas / Rüdiger Dahlke (Ed. Pensamento)
ilustração: carta do Vision Quest Tarot

EU TAROT: Arcano II, A Papisa

Neste livro que respira como um recém nascido, ventre sem fim onde surgem os abecedários, em negros enxames que o vento dispersa, sou a pura substância de tudo o que existe. Luminosa coroa da sombra, raíz que se nutre do vazio, conhecimento imóvel e final.

Cada centímetro de minha carne é este livro santo, que contém o segredo de minhas infinitas transformações. Óvulo onde murmura o eco do grito ancestral, vertente inesgotável das infinitas memórias. Não sei nada, não posso nada, não sou nada. Quem vive em mim se não sou eu?

Montanha solicitada por amanheceres e ocasos, brotando serena da névoa, o poder da fé me pertence. Ponto onde se acumulam as mil causas de cada ação imaginável, o poder da atenção me pertence. Olho nascente vendo os destinos que se cruzam na teia do acaso, o poder do assombro me pertence.

Também me pertence o poder de estabelecer uma ponte sobre o abismo que separa os opostos, aquilo que não é nem um pólo, nem outro, nem ambos. Sino surdo ao seu próprio vibrar, sombra que não conhece a luz da qual se origina, cruz onde se funde o invisível, presa reservada ao Supremo Caçador.

Em minha vulva imaculada a sombra de seu gélido membro me oferece o prazer sublime que a tudo aniquila. Carne morta na qual as palavras são como fogo, como martelo golpeando uma parede que é puro mel, como leito onde canta o fantasma de uma noiva, como olhos cegos nos quais o segredo se deixa ver.

Segredo aberto, luz para os cegos, memória que avança rumo ao esquecimento. Se sou nove portas, te abrirei aquela onde chame com a calma de um morto que entra em seu ataúde. Quem sou? Que é minha vida? Quais são minhas obras? Por que abaixo da sombra de meu manto de mármore os vícios prosperam? Por que minha carne pudorosa cai embriagada na dependência da ave que se exibe? Por que os potros invadem meu templo com seus encantos lascivos?

Não há um momento em que não seja tentada a depreciar os preceitos, arrancar de minha boca toda palavra sagrada, ultrajar o ingênuo que deseja uma face transparente, despistar a verdade para gozar do mel da mentira, abrigar o mal para vencer a retidão do caminho.

Não escolho: me escolhem. Não falo: através de mim algo fala. Não amo: por meu coração se derrama a carícia intangível. Não dito a lei: navego na luminosa loucura do presente. Para além do tempo e do espaço está minha consciência: o invisível da escritura contém o visível de minha carne. Há um corpo mais além do corpo onde mora o verdadeiro eu.

No santuário deserto, ascendo das entranhas da terra. Compreendendo a riqueza das ruínas, entre os escombros acaricio as pedras.

Fonte: Yo, el Tarot / Jodorowsky

PEDRAS DO CAMINHO: SODALITA

A sodalita recebeu este nome na Grécia Antiga, devido ao alto teor de sal em sua composição: soda (sal) + lítio (pedra), ou seja, uma pedra de sal. Os gregos atribuiram a esta pedra propriedades curativas e protetoras, e também acreditavam que portar a pedra estimulava dotes artísticos, daí a sodalita ser carregada, na época, por pintores e escultores.

Por conter entre seus elementos zinco, manganês e cálcio, no nível físico esta pedra tem um efeito altamente harmonizante sobre as glândulas, fortalecendo o corpo contra doenças infecciosas e inflamações. No nível psicológico traz mais equilíbrio emocional, auto confiança, além de ajudar a dissipar culpas e sentimentos depressivos, abrindo a mente para coisas relevantes à nossa vida.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

COMO PODE TER FIM ALGO QUE NÃO TEM COMEÇO?

Um belo diálogo sobre a morte e a vida, extraído do filme Bab´Aziz, O Sábio Sufi.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

EU TAROT: Arcano IIII, O Imperador

Não sou aquele que, dominado por um horror ao vazio, foge de seu lugar verdadeiro buscando um sonho para convertê-lo em pátria.
O presente não me parece a continuação de um passado inaceitável. O futuro não me atinge a cabeça como um martelo de aço. Nem me devoram todas as sombras do mundo.
Como vôo heróico de uma águia ferida, vou mais além de onde cessam as palavras. Entre acordes, matizes e estruturas, permito que a ilusão ascenda à beleza, convenço o caos a tornar-se ordem.
O importante não é um disfarce do mesmo, o necessário não é uma farsa do casual, o duradouro não é um suspiro do efêmero, a verdade não é um peixe cego num oceano sem fim.
Quem ignora as ameaças da lua e com humildade aceita minha presença, se apodera de minha espada que reluz nas entranhas da alma.
Unimos a raiz de nossas mentes, bebemos o sangue de feras inclementes, lançamos flechas para dominar o vento. Sobre cabeças cortadas, elevamos templos, envolvemos nossos pênis em couro de serpente. Onde pode elevar-se meu trono se não no centro do firmamento?
Entre o fecundo aroma do alto e o visceral alento do abismo, transformo os chifres da minha fronte em coroa que impõe a obediência. Esperma onde se unem a loucura da água com o ardor do deserto.
Deixa de sentir-se uma criança abandonada. Para despertar, cumpra aquilo que lhe aterra. Aceita que teu corpo seja um sonho, livra tua língua dos conceitos, transforma teu nome numa fogueira, não ofereça resistência ao abandono, peça ao vento que apague sua memória.
Renuncia a marcar um território, converta em corda de arco as fronteiras, atua como cúmplice do cosmos. Disfarçado de ovelha, entre no esconderijo do lobo. Com a tranquilidade de uma rocha, persevera.
Um dia, irradiando chamas como um Sol de carne, serás o único proprietário de ti mesmo.

Fonte: Yo, El Tarot / Jodorowsky

quarta-feira, 15 de julho de 2009

EU TAROT: Arcano sem número, O Louco

Peregrino no encanto abominável das formas, mensageiro do essencial, ou seja, de mim mesmo, faço de todos os caminhos meu caminho.

Folha seca que, num suspiro do tempo, vem conceder esperança às fogueiras, calafrio que torna verde os lábios das fêmeas e violeta o membro que penetra seus mistérios.

Serpente que desliza na rocha sem deixar rastros, mistério insondável da origem primeira, sonho que sonha, abundância invisível, todas as minhas horas são sempre hoje.

Vou ao essencial, ao centro do mundo, e entre o vazio que separa os números me expando até as dez direções, para encontrar meu significado profundo em qualquer canto.

Deixo sempre que as circunstâncias decidam, porque sei que sou eu mesmo quem as cria. Como as nuvens, sem cessar me transformo. E quando termina o delírio da separação, sou o mesmo de antes e o mesmo de depois.

Sou a palavra secreta encerrada em cada pedra. Vou no germe, na espiral do crescimento, na dança do organismo que declina. Eixo invisível de tudo que gira, sou a loucura na a língua do sábio, a vítima no lobo, o ladrão no juiz.

Sou o conteúdo que escapa às formas, o terreno onde germinam as estrelas, a impronunciável Verdade raiz da Beleza. Em minha abismal energia o pensamento perde limites. Ante qualquer proposição abro o leque dos múltiplos contrários, o ciclone que passeia entre as tumbas, o pântano onde se misturam os cimentos da razão, para produzir a flor indiferente que se entrega ao temerário regozijo do momento.

Às vezes me seguem fugazes recordações do que deixei para trás, em minha corrida incessante para não perder a inocência primeira. Ali onde não existem qualidades nem reputações, nem leis nem nome, nem sexo nem idade, nem país nem história, sem preocupar-me deixo entrar em mim mesmo os inumeráveis aspectos de meu ser.

De meu pensamento não resta mais que o perfume, pois as palavras, antes de serem música, foram aroma, e de meus passos, o ritmo bruto da ausência de direções. Sou o que sou, amo como amo, desejo o que desejo, estou onde estou. Centrado na fonte da vida, sou aquele que nunca dorme, como chama de ouro num vaso de cristal sem fim.

Fonte: Yo, el Tarot / Jodorowsky


QUEM É:

Alejandro Jodorowsky: nascido no Chile, em 1929, filho de imigrantes ucranianos judeus. Em 1953 partiu para Paris para estudar pantomima, e desde então reside na cidade. Tarólogo, terapeuta, escritor (entre romances, poesias, histórias em quadrinhos e livros auto-biográficos, escreveu Quando Teresa Brigou com Deus, A Dança da Realidade e Incal, obra que inspirou de Guerra nas Estrelas a Quinto Elemento), dramaturgo (foi um dos fundadores do Movimento de Teatro Panico) , ator e cineasta (são dele os cultuados El Topo e Montanha Sagrada). Desenvolveu duas técnicas terapêuticas, a psicomagia (que devolve os feitos cotidianos a modelos míticos) e a psicogenealogia (uma terapia sobre as heranças psicológicas familiares), que revolucionaram a psicoterapia em numerosos países. Jodorowsky percorre o mundo falando sobre cinema, literatura, terapia e tarot, e esteve no Brasil em 2007, onde realizou conferências no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ e SP), por ocasião de uma mostra em sua homenagem. Atualmente dedica-se às filmagens de seu novo longa, Kingshot.

JODOROWSKY E O TAROT





"Quando se memorizam os Arcanos do Tarot, linha a linha, cor a cor, eles se inscrevem como uma tatuagem no inconsciente e passam a formar parte dessas imagens carregadas de incontáveis sentidos que Jung denominou "Arquétipos", representando as facetas de nossa misteriosa intimidade. Ao fim de certo tempo, independentes de nosso eu individual, se manifestam como seres, nos fazem encarar a realidade à sua maneira, nos impõem sua particular forma de sentir."

-Alejandro Jodorowsky


terça-feira, 14 de julho de 2009

EU TAROT: Arcano XII, O Pendurado


Enterrando a cabeça na matriz da terra, cada vez mais profundo, até perder as fronteiras, para que nada estranho se mescle ao que sou. Feto obscuro nas raízes do ar, unido ao esplendor do esquecimento perfeito, gerado pelo vento, pendendo numa árvore que é minha mãe.

Tempo vazio, lua minguante, chuva celeste. Ao contrário do fogo que calcina, arranco de minhas mãos toda escolha, entrego minha voz ao sussurro do abismo, elimino o lucro de meus bolsos, aliso a esmeralda do sonho, converto minhas vísceras em oferenda para o sodomita sagrado.

Como uma hóstia de pedra, como um crustáceo fóssil ou uma moeda em decomposição, abdicando de todo gesto me entrego a quem saiba receber meu dom.

silêncio! Que o tigre enlouquecido se detenha, que as máscaras se consumam e que o vento durma! Vou parir uma aura!


Fragmentos de Yo, el Tarot / Jodorowsky

A PARÁBOLA DO SAL


O velho Mestre pediu ao seu jovem discípulo, que estava muito triste, que enchesse a mão de sal, colocasse o sal em um copo d´água e bebesse.

- Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
- Forte e desagradável - respondeu o jovem aprendiz.

O Mestre sorriu e pediu ao rapaz que enchesse a mão de sal novamente. Depois, conduziu-o silenciosamente até um lindo lago, onde pediu ao jovem que jogasse o sal. O velho sábio então lhe disse:

- Beba um pouco dessa água.

Enquanto a água escorria pelo queixo do jovem, o Mestre perguntou-lhe:

- Qual é o gosto?
- Agradável - disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? - perguntou-lhe o Mestre.
- Não - respondeu o jovem.

O Mestre e o rapaz sentaram-se e contemplaram a linda paisagem. Depois de alguns minutos, o sábio falou ao rapaz:

- A dor existe. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor na alma, deve aumentar o sentido de tudo o que está à sua volta. Temos de deixar de ser do tamanho de um copo e tornarmo-nos um lago grande, amplo e sereno.

...

Esta é uma parábola do Zen-Budismo, de autor desconhecido. A fonte: Mestre Johnny De´Carli.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O CONCEITO DE REIKI

Meu Mestre, Johnny De´ Carli, fala sobre o Reiki.

domingo, 12 de julho de 2009

DELÍRIO DE GRANDEZA

Um pagador de promessas levava um Cristo à uma igreja quando percebeu que as pessoas nas ruas paravam respeitosamente para vê-lo passar. Achou que era para ele que rendiam homenagens, e sentiu-se convertido em Deus. Largou a estátua e abriu os braços. Não compreendeu por que lhe atiraram pedras.

fonte: "O Tesouro da Sombra" / Jodorowsky & Boucq

O CONHECIMENTO

Olhou à direita e uma árvore surgiu à sua esquerda. Voltou a cabeça para a esquerda; a árvore desapareceu para situar-se à direita. Lançou o olhar para trás, e a árvore apareceu na sua frente. Buscou na sua frente, e a árvore brotou por detrás. Fechou os olhos. E converteu-se na árvore.

fonte: "O Tesouro da Sombra" / Jodorowsky & Boucq

OS CINCO SENHORES

Perguntaram a um guerreiro invencível por que adotava um ar tão humilde. Mostrou sua mão aberta e respondeu:

- Meus cinco dedos são cinco senhores. Estes cinco senhores se inclinam ante mim.

Cerrou a mão para mostrar seu punho fechado:

- Quanto mais humildes são, mais forças me dão.

fonte: "O Tesouro da Sombra" / Jodorowsky & Boucq

sexta-feira, 10 de julho de 2009

CONSELHOS

Reza a lenda que perguntaram a Tales de Mileto, fundador da filosofia ocidental (segundo Aristóteles) e considerado um dos Sete Homens Sábios da Grécia (*):

- O que é difícil?

- Conhecer a si mesmo.

- E o que é fácil?

- Dar conselhos.



(*) Os outros seis seriam Periandro de Corinto (que tinha fama de tirano e sanguinário), Pítaco de Mitilene (famoso por sua feiúra), Bias de Priene (poeta e grande orador), Cleóbulo de Lindos (poeta que compunha enigmas em versos), Sólon de Atenas (estadista, legislador e poeta) e Quílon de Esparta (poeta e éforo).

quinta-feira, 9 de julho de 2009

CONTOS FILOSÓFICOS: Condenações

Um homem culpado pelo não-cumprimento de uma grave obrigação foi condenado à prisão perpétua. Um de seus amigos foi visitá-lo e disse:

- Mas isso é horrível! Você se deu conta? Na prisão por toda a sua vida?
- Não, você se engana. Não é por toda a minha vida. É a partir de agora.


CONTOS FILOSÓFICOS: O javali hábil

Um príncipe que caçava atira num javali e falha. Um de seus serviçais diz então:

- Bravo!
- Por que disse bravo? perguntou o príncipe, espantado.
- Não foi para o senhor que eu falei. Foi para o javali.

A SABEDORIA DE NASRUDIN: O Ciúme


Um vizinho alertou Nasrudin que sua mulher o traía com o padeiro. Nasrudin, que era jovem na época, sentiu a cólera tomar conta dele. Pegou um punhal e foi se esconder atrás de uma árvore, não longe da padaria. Sua cólera transformou-se em furor. Com o punhal na mão, esperava o padeiro aparecer para ferí-lo.

Uma chva fina começou a cair. Quando as primeiras gotas caíram sobre seu rosto, Nasrudin lembrou-se repentinamente de que não tinha mulher havia muito tempo, e que vivia sozinho.

O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY - Parte 4: PAI NOSSO

Contrariamente à "Ave Maria", uma oração concebida pela igreja, o "Pai Nosso", segundo o mito cristão, provém diretamente da divindade. Por ser a única oração do cristianismo ditada pela própria divindade, respresenta o texto mais importante da história da humanidade cristã. Deve ser tomada como o texto chave para compreendermos o mito.

Quem pode ter a capacidade de interpretar corretamente as palavras de Cristo? Já que Cristo está no nível máximo do desenvolvimento de consciência, ninguém é capaz de compreender completamente esta oração. Podemos nos aproximar do que Cristo quis dizer, mas não mais que isso. Assim, devemos nos acercar desta oração com plena humildade.

Como nos lembra Jodorowsky, esta oração é como um arcano de Tarot: podemos sempre dizer qualquer coisa a seu respeito, e o que quer que digamos resulta invariavelmente verdadeiro, mas nunca definitivo.

RENÉ DAUMAL

René Daumal- Poeta, escritor, mísitico e visionário, nascido na França em 1908. Aprendeu Sânscrito por conta própria, traduziu importantes textos do zen budismo para o ocidente, travou contato com Gurdjieff. E mais. Bem mais. É dele esta frase:

"Pelo fato de sermos dois, tudo muda. A tarefa não se torna duas vezes mais fácil. Mas de impossível ela se torna possível.

terça-feira, 7 de julho de 2009

CONTOS FILOSÓFICOS


Você sabe quem é Jean-Claude Carrière? Nascido em 1931, na França, formou-se em História mas encontrou seu meio de expressão na literatura, no teatro e no cinema. Trabalhou quase vinte anos em conjunto com o cineasta Luis Buñuel, escrevendo com ele roteiros de filmes fundamentais da história do cinema. Ainda nos roteiros, são dele os dos filmes O Tambor e A Insustentável Leveza do Ser. Entre seus livros publicados estão O Círculo dos Mentirosos, A Linguagem Secreta do Cinema, Prática do Roteiro Cinematográfico e Contos Filosóficos do Mundo Inteiro. Apaixonado por histórias, Carrière compila em Contos Filosóficos um acervo delicioso de contos, histórias, anedotas e diálogos, como o travado entre dois adeptos do budismo zen:

Um deles foi fazer um retiro perto de um mestre célebre. O outro lhe perguntou:

- O que fez?
- Cheguei com nada e parti sem nada.
- Então, por que fazer esse retiro ao lado de um mestre célebre?
- Sem isso, como eu saberia que cheguei sem nada e que parti sem nada?

O LUGAR MAIS FELIZ E MAIS VERDE DO MUNDO


Esta (bela) paisagem aí de cima é de um país com menos de 5 milhões de habitantes, sem exército, com uma imensa variedade de espécies, no qual os ministérios da energia e meio ambiente se fundiram, revertendo o desmatamento possibilitando a produção 99% de sua energia a partir de fontes renováveis. O país? Costa Rica, que ficou no topo do ranking global de combinação de vida longa e feliz com limitada degradação ambiental, segundo a New Economics Foundation (Reino Unido). O índice combina medições de expectativa de vida, felicidade e medidas ecológicas para avaliar a sustentabilidade do crescimento em 143 países.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A SABEDORIA DE NASRUDIN - "O anúncio"



Nasrudin postou-se na praça do mercado e dirigiu-se à multidão:

"Ó povo deste lugar! Querem conhecimento sem dificuldade, verdade sem falsidade, realização sem esforço, progresso sem sacrifício?"

Logo juntou-se um grande número de pessoas, todas gritando em coro: "Queremos, queremos!"

"Excelente!", disse o Mullá. "Era só para saber. Podem confiar em mim.Lhes contarei tudo a respeito, caso algum dia descubra algo assim."

A SABEDORIA DE NASRUDIN - "Meu olho dói"



Um camponês aproximou-se de Nasrudin, e queixando-se de que seu olho doía, pediu-lhe um conselho.

No que o Mullá respondeu:

- Outro dia meu dente doía, e não me acalmei enquanto não o arranquei.

domingo, 5 de julho de 2009

O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY - Parte 3: O Pai

Quando falamos "Pai", de que estamos falando?

Segundo Jodorowsky, já ao pronunciar esta palavra estamos falando de esperma. O Pai é o princípio ativo, o princípio de vida, inseminador, aquele que vai depositar a semente para o novo. Este princípio está dentro de cada um de nós.

Mas para que este princípio possa se realizar é necessário haver a Mãe. A Mãe que vai engendrar esta nova vida. Em alguma parte nossa, somos a Mãe, bem como em alguma parte nossa somos o Filho. E se analisarmos o mito vemos que antes de haver a Mãe precisou haver a Filha. Pois a Virgem Maria se converte em Mãe havendo sido antes a Filha. Maria é antes de tudo filha do Pai, e assim, se converte em Mãe.

Mas não devemos confundir: em alguma parte de nós, somos a Mãe, mas não o Pai. Cada um de nós possui em si mesmo a seu Pai. Cada um de nós tem dentro de si este princípio divino. Este Pai nos vê e não nos critica. Não é como o Super Ego freudiano, que repreende e censura. Em alguma parte de nós podemos nos encontrar com este princípio divino.

Possuo em mim mesmo meu Pai: há em mim uma parte que não sou eu, e que ainda sim é o melhor de mim. Que me compreende por completo, que me respeita, que me ama e me absolve. Que jamais me considera culpado ou insuficiente.

Ao dizer "Pai", aceito que sou criatura, que fui criado, que nenhuma de minhas ações provém de mim, que não sou a fonte. Eu fui criado. Não sou o criador, mas o transformador. Quando digo "Pai", aceito a possibilidade de engendrar enquanto Mãe, enquanto princípio feminino, receptivo. Aceito a energia do Pai, que é o momento presente.

O Pai é todo amor. É o amor completo, o impulso de vida. É a vida mesma que este Pai te dá. Ele te sustenta, te mantém vivo. Cristo diz: "...teu Pai sabe do que tu necessitas, antes que tu peças". Ou seja, você pede algo que Ele já sabe que lhe falta. Conhece pontualmente tuas necessidades. A cura essencial estaria então no entrar em contato com seu Deus interior. A finalidade de sua vida se alcança quando você entra em contato com seu Deus interior.

O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY - Parte 2: A Oração



No Evangelho de Mateus (6:5-9), Cristo fala:

"E quando orar, não seja como os hipócritas; porque eles amam orar em pé em sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens."

O que Cristo está dizendo é que não precisamos orar em público, no meio de outras pessoas, em cerimônias institucionalizadas, nem em igrejas ou catedrais. Não oramos para sermos vistos, para desempenhar um papel, por obrigação. Ou seja, a verdadeira oração não interessa se não a cada um. Deve-se realizá-la só.

Ainda em Mateus, Cristo diz: "quando quiser orar, entre em seu aposento mais isolado, tranque sua porta e dirige tua oração a teu Pai ..." Ou seja, para fazermos a oração precisamos nos separar momentaneamente do mundo, esquecer nossas necessidades, desejos, sentimentos, pensamentos. O quarto mais isolado É em nosso interior. Devemos buscá-lo em nós mesmos.É preciso trancar a porta e dirigir a palavra ao Pai - o deus interior que habita em cada um - em silêncio. Onde está seu aposento mais isolado?

O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY - Parte 1: O Mito Cristão


Independente de fé, crenças e atitudes quanto a religiosidade, não há como negar que nós, que vivemos na parte ocidental do planeta, temos nosso inconsciente formatado pelo mito cristão. São mais de 2.000 anos de cultura, tradição, imagens arquetípicas e figuras simbólicas que, mesmo que não nos demos conta, afetam nosso dia-a-dia, nossa forma de ver o mundo e de estar no mundo. Alejandro Jodorowsky, além de cineasta, escritor e terapeuta, entende como poucos o âmago do mito cristão. Cansado de presenciar os estragos causados por uma má interpretação do mito - uma interpretação misógina, que destitui a beleza do sexo e promove enfermidades sociais, físicas e psicológicas - em seu livro Evangelhos Para Sanar, nos apresenta sua visão pessoal e sua interpretação criativa do mito cristão. Nas palavras do próprio: "Uma interpretação correta dos Evangélios, que corresponda a nossa época, tentará propor uma Moral satisfatória, baseada na saúde e na beleza". Sendo assim, o Mitos & Mestres abre espaço a partir de hoje para algumas passagens significativas do livro de Jodorowsky, sob o título "O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY". Aproveitem e meditem sobre. Comentários serão bem vindos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O FRACASSO

JODOROWSKY, O PLANETA E A VELA

Segundo o maestro Jodo, nosso mundo está sofrendo de uma imensa ferida emocional. Desconectados do planeta em que vivemos, de nossos semelhantes, de nossa sociedade, cindidos enfim, perdemos cada vez mais os referenciais. E destruímos o planeta que nos serve de casa e que nos nutre. Nos voltamos contra a Mãe Terra, contra outras formas de vida, contra nós mesmos. Poluímos nosso meio ambiente e nosso mundo interior. Já não somos mais a soma das partes, e estamos separados do Todo. A Crise está aí, e para sair desse buraco, ou vamos todos juntos ou não vai ninguém. A mudança começa em cada um, de pouquinho em pouquinho. Sem alarmes, sem estardalhaço. Mas com amor, com cada vez mais auto-conhecimento, botando fé no que virá. Este blog também está mudando. Deixa de ser o Falando de Tarot e passa a ser o Mitos & Mestres, abrindo espaço para ensinamentos e histórias de seres humanos que desde tempos longínquos até os dias de hoje contribuem para a evolução coletiva. As artes, as ciências e diferentes tradições e campos de conhecimento também encontram seu cantinho nos posts deste blog, bem como fatos relevantes para nosso momento.Marcando com negrito e itálico tudo que comparecer para nosso melhor, sempre. Afinal, melhor que reclamar da escuridão é acender uma vela.