sexta-feira, 31 de julho de 2009

EU TAROT: Arcano IIII, O Imperador

Não sou aquele que, dominado por um horror ao vazio, foge de seu lugar verdadeiro buscando um sonho para convertê-lo em pátria.
O presente não me parece a continuação de um passado inaceitável. O futuro não me atinge a cabeça como um martelo de aço. Nem me devoram todas as sombras do mundo.
Como vôo heróico de uma águia ferida, vou mais além de onde cessam as palavras. Entre acordes, matizes e estruturas, permito que a ilusão ascenda à beleza, convenço o caos a tornar-se ordem.
O importante não é um disfarce do mesmo, o necessário não é uma farsa do casual, o duradouro não é um suspiro do efêmero, a verdade não é um peixe cego num oceano sem fim.
Quem ignora as ameaças da lua e com humildade aceita minha presença, se apodera de minha espada que reluz nas entranhas da alma.
Unimos a raiz de nossas mentes, bebemos o sangue de feras inclementes, lançamos flechas para dominar o vento. Sobre cabeças cortadas, elevamos templos, envolvemos nossos pênis em couro de serpente. Onde pode elevar-se meu trono se não no centro do firmamento?
Entre o fecundo aroma do alto e o visceral alento do abismo, transformo os chifres da minha fronte em coroa que impõe a obediência. Esperma onde se unem a loucura da água com o ardor do deserto.
Deixa de sentir-se uma criança abandonada. Para despertar, cumpra aquilo que lhe aterra. Aceita que teu corpo seja um sonho, livra tua língua dos conceitos, transforma teu nome numa fogueira, não ofereça resistência ao abandono, peça ao vento que apague sua memória.
Renuncia a marcar um território, converta em corda de arco as fronteiras, atua como cúmplice do cosmos. Disfarçado de ovelha, entre no esconderijo do lobo. Com a tranquilidade de uma rocha, persevera.
Um dia, irradiando chamas como um Sol de carne, serás o único proprietário de ti mesmo.

Fonte: Yo, El Tarot / Jodorowsky

quarta-feira, 15 de julho de 2009

EU TAROT: Arcano sem número, O Louco

Peregrino no encanto abominável das formas, mensageiro do essencial, ou seja, de mim mesmo, faço de todos os caminhos meu caminho.

Folha seca que, num suspiro do tempo, vem conceder esperança às fogueiras, calafrio que torna verde os lábios das fêmeas e violeta o membro que penetra seus mistérios.

Serpente que desliza na rocha sem deixar rastros, mistério insondável da origem primeira, sonho que sonha, abundância invisível, todas as minhas horas são sempre hoje.

Vou ao essencial, ao centro do mundo, e entre o vazio que separa os números me expando até as dez direções, para encontrar meu significado profundo em qualquer canto.

Deixo sempre que as circunstâncias decidam, porque sei que sou eu mesmo quem as cria. Como as nuvens, sem cessar me transformo. E quando termina o delírio da separação, sou o mesmo de antes e o mesmo de depois.

Sou a palavra secreta encerrada em cada pedra. Vou no germe, na espiral do crescimento, na dança do organismo que declina. Eixo invisível de tudo que gira, sou a loucura na a língua do sábio, a vítima no lobo, o ladrão no juiz.

Sou o conteúdo que escapa às formas, o terreno onde germinam as estrelas, a impronunciável Verdade raiz da Beleza. Em minha abismal energia o pensamento perde limites. Ante qualquer proposição abro o leque dos múltiplos contrários, o ciclone que passeia entre as tumbas, o pântano onde se misturam os cimentos da razão, para produzir a flor indiferente que se entrega ao temerário regozijo do momento.

Às vezes me seguem fugazes recordações do que deixei para trás, em minha corrida incessante para não perder a inocência primeira. Ali onde não existem qualidades nem reputações, nem leis nem nome, nem sexo nem idade, nem país nem história, sem preocupar-me deixo entrar em mim mesmo os inumeráveis aspectos de meu ser.

De meu pensamento não resta mais que o perfume, pois as palavras, antes de serem música, foram aroma, e de meus passos, o ritmo bruto da ausência de direções. Sou o que sou, amo como amo, desejo o que desejo, estou onde estou. Centrado na fonte da vida, sou aquele que nunca dorme, como chama de ouro num vaso de cristal sem fim.

Fonte: Yo, el Tarot / Jodorowsky


QUEM É:

Alejandro Jodorowsky: nascido no Chile, em 1929, filho de imigrantes ucranianos judeus. Em 1953 partiu para Paris para estudar pantomima, e desde então reside na cidade. Tarólogo, terapeuta, escritor (entre romances, poesias, histórias em quadrinhos e livros auto-biográficos, escreveu Quando Teresa Brigou com Deus, A Dança da Realidade e Incal, obra que inspirou de Guerra nas Estrelas a Quinto Elemento), dramaturgo (foi um dos fundadores do Movimento de Teatro Panico) , ator e cineasta (são dele os cultuados El Topo e Montanha Sagrada). Desenvolveu duas técnicas terapêuticas, a psicomagia (que devolve os feitos cotidianos a modelos míticos) e a psicogenealogia (uma terapia sobre as heranças psicológicas familiares), que revolucionaram a psicoterapia em numerosos países. Jodorowsky percorre o mundo falando sobre cinema, literatura, terapia e tarot, e esteve no Brasil em 2007, onde realizou conferências no Centro Cultural Banco do Brasil (RJ e SP), por ocasião de uma mostra em sua homenagem. Atualmente dedica-se às filmagens de seu novo longa, Kingshot.

JODOROWSKY E O TAROT





"Quando se memorizam os Arcanos do Tarot, linha a linha, cor a cor, eles se inscrevem como uma tatuagem no inconsciente e passam a formar parte dessas imagens carregadas de incontáveis sentidos que Jung denominou "Arquétipos", representando as facetas de nossa misteriosa intimidade. Ao fim de certo tempo, independentes de nosso eu individual, se manifestam como seres, nos fazem encarar a realidade à sua maneira, nos impõem sua particular forma de sentir."

-Alejandro Jodorowsky


terça-feira, 14 de julho de 2009

EU TAROT: Arcano XII, O Pendurado


Enterrando a cabeça na matriz da terra, cada vez mais profundo, até perder as fronteiras, para que nada estranho se mescle ao que sou. Feto obscuro nas raízes do ar, unido ao esplendor do esquecimento perfeito, gerado pelo vento, pendendo numa árvore que é minha mãe.

Tempo vazio, lua minguante, chuva celeste. Ao contrário do fogo que calcina, arranco de minhas mãos toda escolha, entrego minha voz ao sussurro do abismo, elimino o lucro de meus bolsos, aliso a esmeralda do sonho, converto minhas vísceras em oferenda para o sodomita sagrado.

Como uma hóstia de pedra, como um crustáceo fóssil ou uma moeda em decomposição, abdicando de todo gesto me entrego a quem saiba receber meu dom.

silêncio! Que o tigre enlouquecido se detenha, que as máscaras se consumam e que o vento durma! Vou parir uma aura!


Fragmentos de Yo, el Tarot / Jodorowsky

A PARÁBOLA DO SAL


O velho Mestre pediu ao seu jovem discípulo, que estava muito triste, que enchesse a mão de sal, colocasse o sal em um copo d´água e bebesse.

- Qual é o gosto? - perguntou o Mestre.
- Forte e desagradável - respondeu o jovem aprendiz.

O Mestre sorriu e pediu ao rapaz que enchesse a mão de sal novamente. Depois, conduziu-o silenciosamente até um lindo lago, onde pediu ao jovem que jogasse o sal. O velho sábio então lhe disse:

- Beba um pouco dessa água.

Enquanto a água escorria pelo queixo do jovem, o Mestre perguntou-lhe:

- Qual é o gosto?
- Agradável - disse o rapaz.
- Você sente o gosto do sal? - perguntou-lhe o Mestre.
- Não - respondeu o jovem.

O Mestre e o rapaz sentaram-se e contemplaram a linda paisagem. Depois de alguns minutos, o sábio falou ao rapaz:

- A dor existe. Mas o sabor da dor depende de onde a colocamos. Quando você sentir dor na alma, deve aumentar o sentido de tudo o que está à sua volta. Temos de deixar de ser do tamanho de um copo e tornarmo-nos um lago grande, amplo e sereno.

...

Esta é uma parábola do Zen-Budismo, de autor desconhecido. A fonte: Mestre Johnny De´Carli.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O CONCEITO DE REIKI

Meu Mestre, Johnny De´ Carli, fala sobre o Reiki.

domingo, 12 de julho de 2009

DELÍRIO DE GRANDEZA

Um pagador de promessas levava um Cristo à uma igreja quando percebeu que as pessoas nas ruas paravam respeitosamente para vê-lo passar. Achou que era para ele que rendiam homenagens, e sentiu-se convertido em Deus. Largou a estátua e abriu os braços. Não compreendeu por que lhe atiraram pedras.

fonte: "O Tesouro da Sombra" / Jodorowsky & Boucq

O CONHECIMENTO

Olhou à direita e uma árvore surgiu à sua esquerda. Voltou a cabeça para a esquerda; a árvore desapareceu para situar-se à direita. Lançou o olhar para trás, e a árvore apareceu na sua frente. Buscou na sua frente, e a árvore brotou por detrás. Fechou os olhos. E converteu-se na árvore.

fonte: "O Tesouro da Sombra" / Jodorowsky & Boucq

OS CINCO SENHORES

Perguntaram a um guerreiro invencível por que adotava um ar tão humilde. Mostrou sua mão aberta e respondeu:

- Meus cinco dedos são cinco senhores. Estes cinco senhores se inclinam ante mim.

Cerrou a mão para mostrar seu punho fechado:

- Quanto mais humildes são, mais forças me dão.

fonte: "O Tesouro da Sombra" / Jodorowsky & Boucq

sexta-feira, 10 de julho de 2009

CONSELHOS

Reza a lenda que perguntaram a Tales de Mileto, fundador da filosofia ocidental (segundo Aristóteles) e considerado um dos Sete Homens Sábios da Grécia (*):

- O que é difícil?

- Conhecer a si mesmo.

- E o que é fácil?

- Dar conselhos.



(*) Os outros seis seriam Periandro de Corinto (que tinha fama de tirano e sanguinário), Pítaco de Mitilene (famoso por sua feiúra), Bias de Priene (poeta e grande orador), Cleóbulo de Lindos (poeta que compunha enigmas em versos), Sólon de Atenas (estadista, legislador e poeta) e Quílon de Esparta (poeta e éforo).

quinta-feira, 9 de julho de 2009

CONTOS FILOSÓFICOS: Condenações

Um homem culpado pelo não-cumprimento de uma grave obrigação foi condenado à prisão perpétua. Um de seus amigos foi visitá-lo e disse:

- Mas isso é horrível! Você se deu conta? Na prisão por toda a sua vida?
- Não, você se engana. Não é por toda a minha vida. É a partir de agora.


CONTOS FILOSÓFICOS: O javali hábil

Um príncipe que caçava atira num javali e falha. Um de seus serviçais diz então:

- Bravo!
- Por que disse bravo? perguntou o príncipe, espantado.
- Não foi para o senhor que eu falei. Foi para o javali.

A SABEDORIA DE NASRUDIN: O Ciúme


Um vizinho alertou Nasrudin que sua mulher o traía com o padeiro. Nasrudin, que era jovem na época, sentiu a cólera tomar conta dele. Pegou um punhal e foi se esconder atrás de uma árvore, não longe da padaria. Sua cólera transformou-se em furor. Com o punhal na mão, esperava o padeiro aparecer para ferí-lo.

Uma chva fina começou a cair. Quando as primeiras gotas caíram sobre seu rosto, Nasrudin lembrou-se repentinamente de que não tinha mulher havia muito tempo, e que vivia sozinho.

O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY - Parte 4: PAI NOSSO

Contrariamente à "Ave Maria", uma oração concebida pela igreja, o "Pai Nosso", segundo o mito cristão, provém diretamente da divindade. Por ser a única oração do cristianismo ditada pela própria divindade, respresenta o texto mais importante da história da humanidade cristã. Deve ser tomada como o texto chave para compreendermos o mito.

Quem pode ter a capacidade de interpretar corretamente as palavras de Cristo? Já que Cristo está no nível máximo do desenvolvimento de consciência, ninguém é capaz de compreender completamente esta oração. Podemos nos aproximar do que Cristo quis dizer, mas não mais que isso. Assim, devemos nos acercar desta oração com plena humildade.

Como nos lembra Jodorowsky, esta oração é como um arcano de Tarot: podemos sempre dizer qualquer coisa a seu respeito, e o que quer que digamos resulta invariavelmente verdadeiro, mas nunca definitivo.

RENÉ DAUMAL

René Daumal- Poeta, escritor, mísitico e visionário, nascido na França em 1908. Aprendeu Sânscrito por conta própria, traduziu importantes textos do zen budismo para o ocidente, travou contato com Gurdjieff. E mais. Bem mais. É dele esta frase:

"Pelo fato de sermos dois, tudo muda. A tarefa não se torna duas vezes mais fácil. Mas de impossível ela se torna possível.

terça-feira, 7 de julho de 2009

CONTOS FILOSÓFICOS


Você sabe quem é Jean-Claude Carrière? Nascido em 1931, na França, formou-se em História mas encontrou seu meio de expressão na literatura, no teatro e no cinema. Trabalhou quase vinte anos em conjunto com o cineasta Luis Buñuel, escrevendo com ele roteiros de filmes fundamentais da história do cinema. Ainda nos roteiros, são dele os dos filmes O Tambor e A Insustentável Leveza do Ser. Entre seus livros publicados estão O Círculo dos Mentirosos, A Linguagem Secreta do Cinema, Prática do Roteiro Cinematográfico e Contos Filosóficos do Mundo Inteiro. Apaixonado por histórias, Carrière compila em Contos Filosóficos um acervo delicioso de contos, histórias, anedotas e diálogos, como o travado entre dois adeptos do budismo zen:

Um deles foi fazer um retiro perto de um mestre célebre. O outro lhe perguntou:

- O que fez?
- Cheguei com nada e parti sem nada.
- Então, por que fazer esse retiro ao lado de um mestre célebre?
- Sem isso, como eu saberia que cheguei sem nada e que parti sem nada?

O LUGAR MAIS FELIZ E MAIS VERDE DO MUNDO


Esta (bela) paisagem aí de cima é de um país com menos de 5 milhões de habitantes, sem exército, com uma imensa variedade de espécies, no qual os ministérios da energia e meio ambiente se fundiram, revertendo o desmatamento possibilitando a produção 99% de sua energia a partir de fontes renováveis. O país? Costa Rica, que ficou no topo do ranking global de combinação de vida longa e feliz com limitada degradação ambiental, segundo a New Economics Foundation (Reino Unido). O índice combina medições de expectativa de vida, felicidade e medidas ecológicas para avaliar a sustentabilidade do crescimento em 143 países.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

A SABEDORIA DE NASRUDIN - "O anúncio"



Nasrudin postou-se na praça do mercado e dirigiu-se à multidão:

"Ó povo deste lugar! Querem conhecimento sem dificuldade, verdade sem falsidade, realização sem esforço, progresso sem sacrifício?"

Logo juntou-se um grande número de pessoas, todas gritando em coro: "Queremos, queremos!"

"Excelente!", disse o Mullá. "Era só para saber. Podem confiar em mim.Lhes contarei tudo a respeito, caso algum dia descubra algo assim."

A SABEDORIA DE NASRUDIN - "Meu olho dói"



Um camponês aproximou-se de Nasrudin, e queixando-se de que seu olho doía, pediu-lhe um conselho.

No que o Mullá respondeu:

- Outro dia meu dente doía, e não me acalmei enquanto não o arranquei.

domingo, 5 de julho de 2009

O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY - Parte 3: O Pai

Quando falamos "Pai", de que estamos falando?

Segundo Jodorowsky, já ao pronunciar esta palavra estamos falando de esperma. O Pai é o princípio ativo, o princípio de vida, inseminador, aquele que vai depositar a semente para o novo. Este princípio está dentro de cada um de nós.

Mas para que este princípio possa se realizar é necessário haver a Mãe. A Mãe que vai engendrar esta nova vida. Em alguma parte nossa, somos a Mãe, bem como em alguma parte nossa somos o Filho. E se analisarmos o mito vemos que antes de haver a Mãe precisou haver a Filha. Pois a Virgem Maria se converte em Mãe havendo sido antes a Filha. Maria é antes de tudo filha do Pai, e assim, se converte em Mãe.

Mas não devemos confundir: em alguma parte de nós, somos a Mãe, mas não o Pai. Cada um de nós possui em si mesmo a seu Pai. Cada um de nós tem dentro de si este princípio divino. Este Pai nos vê e não nos critica. Não é como o Super Ego freudiano, que repreende e censura. Em alguma parte de nós podemos nos encontrar com este princípio divino.

Possuo em mim mesmo meu Pai: há em mim uma parte que não sou eu, e que ainda sim é o melhor de mim. Que me compreende por completo, que me respeita, que me ama e me absolve. Que jamais me considera culpado ou insuficiente.

Ao dizer "Pai", aceito que sou criatura, que fui criado, que nenhuma de minhas ações provém de mim, que não sou a fonte. Eu fui criado. Não sou o criador, mas o transformador. Quando digo "Pai", aceito a possibilidade de engendrar enquanto Mãe, enquanto princípio feminino, receptivo. Aceito a energia do Pai, que é o momento presente.

O Pai é todo amor. É o amor completo, o impulso de vida. É a vida mesma que este Pai te dá. Ele te sustenta, te mantém vivo. Cristo diz: "...teu Pai sabe do que tu necessitas, antes que tu peças". Ou seja, você pede algo que Ele já sabe que lhe falta. Conhece pontualmente tuas necessidades. A cura essencial estaria então no entrar em contato com seu Deus interior. A finalidade de sua vida se alcança quando você entra em contato com seu Deus interior.

O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY - Parte 2: A Oração



No Evangelho de Mateus (6:5-9), Cristo fala:

"E quando orar, não seja como os hipócritas; porque eles amam orar em pé em sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens."

O que Cristo está dizendo é que não precisamos orar em público, no meio de outras pessoas, em cerimônias institucionalizadas, nem em igrejas ou catedrais. Não oramos para sermos vistos, para desempenhar um papel, por obrigação. Ou seja, a verdadeira oração não interessa se não a cada um. Deve-se realizá-la só.

Ainda em Mateus, Cristo diz: "quando quiser orar, entre em seu aposento mais isolado, tranque sua porta e dirige tua oração a teu Pai ..." Ou seja, para fazermos a oração precisamos nos separar momentaneamente do mundo, esquecer nossas necessidades, desejos, sentimentos, pensamentos. O quarto mais isolado É em nosso interior. Devemos buscá-lo em nós mesmos.É preciso trancar a porta e dirigir a palavra ao Pai - o deus interior que habita em cada um - em silêncio. Onde está seu aposento mais isolado?

O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY - Parte 1: O Mito Cristão


Independente de fé, crenças e atitudes quanto a religiosidade, não há como negar que nós, que vivemos na parte ocidental do planeta, temos nosso inconsciente formatado pelo mito cristão. São mais de 2.000 anos de cultura, tradição, imagens arquetípicas e figuras simbólicas que, mesmo que não nos demos conta, afetam nosso dia-a-dia, nossa forma de ver o mundo e de estar no mundo. Alejandro Jodorowsky, além de cineasta, escritor e terapeuta, entende como poucos o âmago do mito cristão. Cansado de presenciar os estragos causados por uma má interpretação do mito - uma interpretação misógina, que destitui a beleza do sexo e promove enfermidades sociais, físicas e psicológicas - em seu livro Evangelhos Para Sanar, nos apresenta sua visão pessoal e sua interpretação criativa do mito cristão. Nas palavras do próprio: "Uma interpretação correta dos Evangélios, que corresponda a nossa época, tentará propor uma Moral satisfatória, baseada na saúde e na beleza". Sendo assim, o Mitos & Mestres abre espaço a partir de hoje para algumas passagens significativas do livro de Jodorowsky, sob o título "O EVANGELHO SEGUNDO JODOROWSKY". Aproveitem e meditem sobre. Comentários serão bem vindos.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

O FRACASSO

JODOROWSKY, O PLANETA E A VELA

Segundo o maestro Jodo, nosso mundo está sofrendo de uma imensa ferida emocional. Desconectados do planeta em que vivemos, de nossos semelhantes, de nossa sociedade, cindidos enfim, perdemos cada vez mais os referenciais. E destruímos o planeta que nos serve de casa e que nos nutre. Nos voltamos contra a Mãe Terra, contra outras formas de vida, contra nós mesmos. Poluímos nosso meio ambiente e nosso mundo interior. Já não somos mais a soma das partes, e estamos separados do Todo. A Crise está aí, e para sair desse buraco, ou vamos todos juntos ou não vai ninguém. A mudança começa em cada um, de pouquinho em pouquinho. Sem alarmes, sem estardalhaço. Mas com amor, com cada vez mais auto-conhecimento, botando fé no que virá. Este blog também está mudando. Deixa de ser o Falando de Tarot e passa a ser o Mitos & Mestres, abrindo espaço para ensinamentos e histórias de seres humanos que desde tempos longínquos até os dias de hoje contribuem para a evolução coletiva. As artes, as ciências e diferentes tradições e campos de conhecimento também encontram seu cantinho nos posts deste blog, bem como fatos relevantes para nosso momento.Marcando com negrito e itálico tudo que comparecer para nosso melhor, sempre. Afinal, melhor que reclamar da escuridão é acender uma vela.