De acordo com uma antiga fábula, havia um rato que estava sempre angustiado, porque tinha medo do gato. Um mago que dele se compadeceu, na tentativa de ajudá-lo, o transformou em... um gato! Mas logo o rato, agora transformado em gato, começou a sentir medo do cachorro. Então o mago o converteu em cachorro. Assim que se viu transformado em cachorro, começou a ter medo da pantera. O mago o transformou numa pantera, e a partir daí ele começou a ter medo do caçador.
O mago então se deu por vencido, e fez com que ele voltasse à sua forma original de rato, dizendo-lhe: "Nada do que eu faça por você vai servir de ajuda, pois sempre terá o coração de um rato."
O mago havia compreendido que não há nada que se possa fazer para ajudar a quem tem, arraigado em seu coração, o hábito do medo, e nada faz para mudá-lo.
Alejandro Jodorowsky, uma das cabeças que mais têm lidado (e sanado, ou ao menos tentado) com os medos contemporâneos, sugere algumas coisas que temos de levar em conta quando o medo aparece em nossas vidas. Segundo ele, quando sinto medo de
MUDAR: para avançar no caminho da Consciência, devo aceitar a morte das concepções que tenho sobre mim mesmo.
DESEJAR: a energia sexual é sagrada. Deixo de negar-me a mim mesmo e de ocultar-me.
ADOECER: as enfermidades corporais são mestres que podem indicar o caminho para curar as enfermidades da minha alma.
ENVELHECER: o tempo é meu aliado, pois me traz sabedoria.
FRACASSAR: tudo fracassa, porque nada é eterno. Meu único triunfo verdadeiro é a realização da minha Consciência.
NÃO SER MAIS SEDUTOR(A): se me liberto de meus desejos, a sedução me parecerá inútil.
SER HUMILHADO(A): se venço meu orgulho, ninguém pode me humilhar.
DA NOITE: a noite sempre está unida ao dia.
POBREZA: a criatividade do Ser essencial é minha riqueza.
SOLIDÃO: se me abro ao mundo, todos me acompanham.
MORRER: a morte é uma ilusão do ego individual. O universo do qual eu sou parte é eterno e infinito. De uma forma ou de outra, existirei sempre.
VIOLÊNCIA: dominarei minha própria agressividade. Deixarei de projetar minha cólera no mundo.
NÃO PODER ME COMUNICAR: meu Deus interior conhece todas as linguagens.
DA VERDADE: o que a Verdade pode destruir em mim é o lixo, é o que não sou, são os limites implantados em mim pela armadilha do passado. Me entregarei a meu Ser essencial.
NÃO PROGREDIR: se me identifico com o Universo, me uno à sua incessante expansão.
NÃO SER DESEJADO (A): o Universo me deu a força de ter nascido. A Consciência divina me deseja.
SER IRRACIONAL: o Universo não obedece a leis lógicas. A "lógica" do cérebro humano é "loucura" para o Universo.
PERDER MINHA IDENTIDADE: os limites de meu ego são úteis até certo ponto. Não devo aferrar-me a eles crendo que são minha identidade. Meu Ser, obedecendo aos planos do futuro, lutará por expandir-se, até chegar a ser o que é: Consciência cósmica.
PERDER MINHAS CAPACIDADES: meu Deus interior não conhece a extinção.
PERDER UM COMBATE: perder um combate não é perder a mim mesmo.
DE QUE TENTEM ME CALAR: se tenho algo a dizer, o direi no mundo; se não posso dizer no mundo, direi em meu país; se não posso dizer em meu país, direi em minha cidade, direi em minha casa; se não puder dizer em minha casa, direi em mim mesmo: os seres humanos formam uma unidade. O que digo a mim mesmo ressoará no inconsciente coletivo.
SER ROUBADO: o que podem me roubar nunca foi meu. Meu Ser essencial é permanente.
ME DECEPCIONAR NO AMOR: a única certeza emocional é amar, sem esperar ser amado.
ESTERILIDADE: a todo momento o infinito me insemina. A alma é minha filha suprema.
Fonte: Plano Creativo